Bruno Drummond comenta o boom das Startups
Confira o áudio completo da entrevista em nosso Podcast:
No terceiro episódio do quadro “Atualizações da Semana” conversamos com Bruno Drummond, sócio e fundador da Drummond Advisors, sobre o boom das startups no Brasil.
Segundo Drummond, existem hoje dois ambientes favoráveis para o movimento das startups que propiciaram o aquecimento desse mercado: “Em primeiro lugar, fazer negócios no Brasil, por natureza, é moroso. Nesse contexto, aqueles que pensam lateralmente e criam soluções para fazer processos mais rápidos, em todos os segmentos, alcançam mais oportunidades. Em segundo lugar: existem poucos players no ambiente de negócios. Por exemplo, poucos bancos dominam o mercado, são poucos grupos financeiros, poucos grupos de cimento, poucos investment brokers. Enfim, são poucos grandes players que fazem aquilo há muito tempo. E as startups têm por objetivo quebrar o paradigma de como as coisas são feitas e tentar ver de uma maneira diferente, sempre tendo o cliente como referência para crescer”.
Para o executivo, dentro de um ambiente de negócios moroso, existe a busca por uma melhora nas transações, para que elas sejam mais rápidas e, por consequência, melhorem a economia como um todo. “No Venture Capital brasileiro temos um ambiente financeiro onde o pessoal está colocando bastante dinheiro e alcançando respostas positivas com cada vez mais startups que conseguem escalar. Ao mesmo tempo, vemos uma garotada nova que diz “Poxa, fazer esse processo poderia ser mais fácil, abrir uma empresa poderia ser mais fácil…Por que o pessoal não faz daquela maneira em vez dessa?”. Esses jovens questionam o status quo, a maneira como as coisas são feitas. E esse questionamento é primordial, pois aliado aos outros fatores que eu citei anteriormente, cria esse momento muito bom de se ver no Brasil, onde novas startups estão crescendo e saindo do chão, conseguindo tração no mercado, tanto financeiro quanto no de clientes. Os consumidores estão sedentos por novos serviços e novos produtos”, afirma.
Drummond explica que o mundo está carente de novas ideias. O investidor quer novos investimentos, o consumidor procura novos produtos e serviços, o mercado por si só precisa ser mais eficiente para fazer as transações. E os jovens estão cheios de ideias. Essa conjuntura reflete no que pode ser visto hoje dentro do Brasil. “E a partir do momento em que essas novas startups chegam a um ponto no qual já possuem um Produto Viável Mínimo (MVP) e esse produto pode ser comercializado, os investidores só precisarão colocar dinheiro para trazer mais pessoas para expandir, prestar serviço, adquirir novos clientes e nova musculatura para crescer”, comenta.
Internacionalização para startups
Nesse contexto, a internacionalização ajuda em todos os aspectos, segundo o empresário. Para o executivo, uma startup que pensa em nascer e servir somente ao Brasil está assinando sua própria carta de falecimento, já que a competitividade hoje em dia é grande e a nível global. “Startups de outros lugares do mundo estão vindo para o Brasil e confrontando as empresas brasileiras, disputando espaço. O investidor que procura startups brasileiras para investir já assume que as empresas estão pensando global e não somente a nível nacional. Se uma startup for um player regional, por consequência, o seu valor de mercado também ficará limitado pela área geográfica em questão com transações apenas em reais. E isso dificulta as chances de capitalização para venda desse produto no exterior, por exemplo.”
Os investidores estão em busca de operações globais que proporcionem um retorno de capital maior. É necessário que o empreendedor esteja preparado para competir globalmente, uma vez que o cliente pode ser de qualquer lugar do mundo. O mesmo aplicativo que uma pessoa usa em Nova Iorque pode ser usado no Brasil, por exemplo. Aquele que empreende deve observar quem é o cliente. Se o cliente de determinado serviço se encaixa nesse perfil globalizado, a melhor coisa a ser feita é segui-lo, ir para onde o cliente vai.
Para quem está no início da aventura por esse vasto universo das startups, Bruno Drummond dá uma dica de ouro: acompanhe o mercado de startups de Israel. “Para aqueles que estão começando, eu diria que existem bastante empresas que vocês podem se espelhar, mas eu acho que seria interessante vocês tentarem estudar o ambiente de Israel. É um ambiente de negócios pequeno, em termos de fronteiras, então as empresas que surgem por lá já nascem com o pensamento global. As startups israelenses analisam quais são os serviços e soluções que podem entregar no âmbito global”, explica.
“É importante observar onde existe uma necessidade, validar aquela necessidade diante do mercado, validar o seu produto, e pensar simples. Reunir um, dois, três, quatro, cinco inputs no máximo para encontrar a resposta que estiver precisando sobre o seu produto. No momento em que você conseguir fazer isso, será suficiente. E isso vale para fazer negócios em qualquer lugar no mundo”, finaliza Drummond.
Escrito por Aline Ribeiro, Consultora de Conteúdo da Drummond Advisors